TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
As
tendências pedagógicas originam-se de movimentos sociais e filosóficos, um dado
momento histórico, que acabem por propiciar a união das práticas
didático-pedagógicas, com os desejos e aspirações da sociedade de forma a favorecer
o conhecimento, sem contudo querer ser uma verdade única e absoluta. Seu
conhecimento se reveste de especial importância para o professor que deseja
construir sua prática.
Segundo
Fusari e Ferraz:
"... a concepção
de arte pode auxiliar na fundamentação de uma proposta de ensino e aprendizagem
artísticos, estéticos, e atende a essa, mobilidade conceitual, é a que
representa e do exprimir."
É
a partir desses conhecimentos que podemos propor mudanças que propiciem o
desenvolvimento do fazer, representar e exprimir. Por isso, o professor deve
estar a par das teorias e tendências pedagógicas ao problematizar suas questões
do cotidiano e ao pensar sua prática, sem contudo estar firmemente preso a uma
delas. Deve, antes de tudo procurar o melhor de cada uma, seguindo uma
aplicação cuidadosa que permita avaliar sua eficiência.
Segundo Pessi:
"Os fundamentos
da Arte-Educação são os pensamentos construídos cotidianamente conforme as
experiências vividas nas situações de ensino aprendizagem, são a teoria que sustenta
nossa prática, são os princípios; os conhecimentos organizados que contribuem
para - e porque não dizer, determinam - uma prática arte - educativa consciente
e de qualidade."
Devemos ressaltar que
as teorias são importantes, mas cabe ao professor construir sua prática
embasada nelas, elas são elementos norteadores e não "receitas"
prontas.
As tendências pedagógicas estão classificadas
em Liberais e Progressistas:
TENDÊNCIAS
LIBERAIS: Marcou
a Educação no Brasil nos últimos 50 anos, mostrando-se ora conservadora, ora
renovada. Enfatiza o preparo do indivíduo/aluno para o desempenho de papeis
sociais, de acordo com as aptidões individuais; os indivíduos precisam aprender
a adaptarem-se aos valores e á normas vigentes na sociedade de classes e,
embora propague a idéia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a
desigualdade de condições.
As tendências pedagógicas Idealistas-Liberais estão
divididas em:
Tradicional; Renovadora Progressista; Renovadora não diretiva (Escola Nova) e Tecnicista.
1.
PEDAGOGIA TRADICIONAL ou PEDAGOGIA DA TRANSMISSÃO:
A
Pedagogia Tradicional, também denominada de Pedagogia da Transmissão, chegou
até nós através dos jesuítas, por volta de 1549, quando estes, credenciados
pelo rei D. João III, desempenhavam a dupla missão de catequizar e educar o
povo colonizado.
Apesar
de outras tantas experiências determinadas pelas mudanças históricas, a
Pedagogia Tradicional perdura até os dias atuais. Paulo Freire chamou-a de
pedagogia bancária, pois uma de suas características é o ato de passar os
conhecimentos aos alunos como se estes fossem depositários e o mestre, o
depositante do saber.
“A Pedagogia da Transmissão, parte da
premissa de que as ideias e conhecimentos são os pontos mais importantes da
educação e, como consequência, a experiência fundamental que o aluno deve viver
para alcançar seus objetivos é a de receber o que o professor ou o livro lhes
oferecem. O aluno é considerado como uma “página em branco”, onde novas ideias
e conhecimentos de origem exógena serão impressos”. (Juan Bordenave, 2004)
A
técnica de ensino utilizada é a aula expositiva. Os exercícios são valorizados
no sentido de favorecer a memorização. Não há preocupação com o desenvolvimento
de habilidades intelectuais de observação, análise, avaliação, relação,
compreensão, nem com o desenvolvimento de consciência crítica.
Métodos: Exposição e demonstração verbal da matéria
e/ou por meio de modelos.
Professor X Aluno: Autoridade do professor que exige atitude receptiva do aluno.
Aprendizagem: A
aprendizagem é receptiva e mecânica, sem considerar as características próprias
do indivíduo.
2.
PEDAGOGIA RENOVADORA PROGRESSISTA:
A tendência liberal renovada progressista acentua o
sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. Não atua em
escolas, porém visa levar professores e alunos a atingir um nível de
consciência da realidade em que vivem na busca da transformação social.
A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno
para assumir seu papel na sociedade, adaptando as necessidades do educando ao
meio social, por isso ela deve imitar a vida. Se, na tendência liberal
tradicional, a atividade pedagógica estava centrada no professor, na escola
renovada progressista, defende-se a ideia de “aprender fazendo”, portanto
centrada no aluno, valorizando as tentativas experimentais, a pesquisa, a
descoberta, o estudo do meio natural e social, etc, levando em conta os
interesses do aluno.
Como pressupostos de aprendizagem, aprender se
torna uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente
apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do
aluno, através da descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a
estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações.
Método: Por meio de experiências,
pesquisas e método de solução de problemas.
Professor X Aluno: O professor é auxiliador no
desenvolvimento livre do individuo.
Aprendizagem: É baseada na motivação e na
estimulação de problemas.
3. TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA (ESCOLA NOVA)
Acentua-se, nessa tendência, o papel
da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com
os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo o esforço
deve visar a uma mudança dentro do indivíduo, ou seja, a uma adequação pessoal
às solicitações do ambiente.
Aprender é modificar suas próprias
percepções. Apenas se aprende o que estiver significativamente relacionado com
essas percepções. A retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao
“eu”, o que torna a avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a
auto-avaliação. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor
apenas um facilitador. O objetivo do ensino é criar mecanismos para que o aluno
procure chegar ao conhecimento por si mesmo.
O trabalho do educador é levar o
estudante a organizar-se, através de técnicas de sensibilização para que os
sentimentos de cada um sejam explicitados, sem coação.
Método: Baseado na facilitação da
aprendizagem.
Professor X Aluno: Educação centrada no aluno, o
professor e apenas um facilitador.
Aprendizagem: Aprender é modificar as
percepções da realidade.
4.
PEDAGOGIA DO CONDICIONAMENTO ou PEDAGOGIA TECNICISTA:
A
Determinada pela crescente industrialização, quando a Pedagogia da Escola Nova
não responde às questões referentes ao preparo de profissionais. Desenvolveu-se
na Segunda metade do século XX nos Estados Unidos e no Brasil de 1960 a 1979. A
pedagogia tecnicista preocupa-se em condicionar o aluno a dar respostas
eficientes ao sistema, por meio de estímulos externos que moldem sua conduta. O
aluno aqui é visto como totalmente moldável e facilmente manipulável pelas
simples alterações do meio ambiente. O ensino é entendido como tecnologia
programada. O planejamento e a operacionalização dos objetivos são importantes
para garantir a eficiência do processo. Quanto ao papel do professor, enquanto
na Pedagogia Tradicional ele é o transmissor dos conteúdos, aqui ele seria uma
espécie de gerente de instrução. O centro da atenção já não é o professor, nem
o aluno, mas o próprio processo com o uso dos multimeios.
O
esquema acima representando essa pedagogia implica dizer que o movimento
metodológico limita-se às questões de natureza prática, ou seja, não avança
muito além dos conteúdos técnicos, já que os conteúdos teóricos são restritos.
Dessa forma, a consequência é a alta eficiência da aprendizagem quanto aos
aspectos de dados e processos tecnológicos.
Nessa pedagogia, a aprendizagem não se dá pela
apropriação de conhecimentos nem por reflexão e crítica, mas por repetição de
práticas e comportamentos de acordo com padrões de referência centrados no
professor.
A
centralidade do processo ensino-aprendizagem está no professor, que serve de
referência e modelo de comportamento a ser copiado. O aluno é ativo, não no que
se refere a habilidades intelectuais, mas ao desempenho de técnicas, emitindo
as respostas que o sistema o permitir.
A crítica às questões
sociais e aos problemas da realidade, não é estimulada, mas sim a tendência à
competitividade e ao individualismo. A ênfase está nos procedimentos técnicos,
enquanto a teoria é diminuída.
Método: Procedimentos e técnicas para a
transmissão e recepção de informações.
Professor X Aluno: O professor administra os
procedimentos didáticos, enquanto o aluno recebe as informações.
Aprendizagem:
Baseada
no desempenho.
TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS: É uma tendência que
parte da análise crítica das realidades sociais que sustentam as finalidades
sócio-políticas da educação. A Pedagogia Progressista não tem como
institucionalizar-se numa sociedade capitalista, por isso se constitui num
instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais.
Analisam de forma critica as realidades sociais, cuja educação possibilita a
compreensão da realidade histórico-social, explicando o papel do sujeito como
um ser que constrói sua realidade. Ela assume um caráter pedagógico e político
ao mesmo tempo. É dividida em três tendências:
1. Libertadora: também conhecida como pedagogia de Paulo
Freire
2. Libertária: ligada diretamente aos defensores da
autogestão pedagógica
3. Crítico-social dos conteúdos: que prioriza os
conteúdos na confrontação com as realidades sociais de maneira diferenciada das
pedagogias anteriores.
1. PEDAGOGIA LIBERTADORA
Não
atua em escolas, porém visa levar professores e alunos a atingir um nível de
consciência da realidade em que vivem na busca da transformação social.
A
Pedagogia Libertadora surgiu entre nós na década de 1960 com o educador Paulo Freire,
que desenvolveu suas experiências de alfabetização de adultos. Freire
acreditava no homem como sujeito histórico, em constante busca de seu
crescimento e de transformação da realidade, capaz de transcender-se e de
superar situações-limite.
Criticando
a Pedagogia Tradicional em seus aspectos de “domesticação”, Freire propôs uma
educação que promovesse a libertação do homem, entendendo professor e aluno
como sujeitos da história. E é através do diálogo dos homens entre si e destes
com a natureza que a educação acontece. Para Freire, a dialogicidade é a
essência da educação como prática da liberdade.
O
ponto crucial dessa pedagogia é fazer surgir uma nova maneira da relação com as
experiências vividas, não se preocupando com a transmissão de conteúdos específicos.
São extraídos dos educandos assuntos de sua vida cotidiano, sendo denominados
temas geradores.
As
fundamentações teóricas de Paulo Freire limitam-se à educação de adultos ou
educação popular, em geral, entretanto muitos professores têm ensaiado práticas
pedagógicas seguindo a linha dessa pedagogia em todos os níveis de ensino
formal.
A escola libertadora, também conhecida
como a Pedagogia de Paulo Freire,
vincula a educação à luta e organização de classe do oprimido. Segundo GADOTTI
(1988), Paulo Freire não considera o papel informativo, o ato de conhecimento
na relação educativa, mas insiste que o conhecimento não é suficiente se, ao
lado e junto deste, não se elabora uma nova teoria do conhecimento e se os
oprimidos não podem adquirir uma nova estrutura do conhecimento que lhes
permita reelaborar e reordenar seus próprios conhecimentos e apropriar-se de outros.
Como pressuposto de aprendizagem, a
força motivadora deve decorrer da codificação de uma situação-problema que será
analisada criticamente, envolvendo o exercício da abstração, pelo qual se
procura alcançar, por meio de representações da realidade concreta, a razão de
ser dos fatos. Assim, como afirma Libâneo, aprender é um ato de conhecimento da
realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem
sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. Portanto o
conhecimento que o educando transfere representa uma resposta à situação de
opressão a que se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica.
Método: Grupo de discussão.
Professor X Aluno: A relação é de igual para igual,
horinzontalmente.
Aprendizagem: Resolução
da situação problema.
2.
TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA
As tendências progressistas
libertadora e libertária têm, em comum, a defesa da autogestão pedagógica e o
antiautoritarismo. A escola progressista libertária parte do pressuposto de que
somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em situações novas,
por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu uso
prático. A ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negação de toda
forma de repressão, visam a favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres.
Procura valorizar o texto produzido pelo aluno, além da negociação de sentidos
na leitura.
A escola propicia praticas
democráticas, pois acredita que a consciência política resulta em conquistas
sócias. Os conteúdos dão ênfase nas lutas sociais, cuja metodologia é está
relacionada com a vivência grupal. O professor torna-se um orientador do grupo
sem impor suas ideias e convicções.
O conhecimento sistemático não é de
grande importância para esta pedagogia, já que a matéria é apresentada para o
aluno, porém não lhe é exigida. O que realmente importa são as experiências
vividas pelo grupo social principalmente ocorrida de forma crítica, esse sim é
o verdadeiro conhecimento, é ele que proporciona respostas necessárias e
condizentes às exigências sociais.
Método: Vivência grupal na forma de
autogestão.
Professor X Aluno: É não diretiva, o professor é
orientador e os alunos livres
Aprendizagem:
Aprendizagem
informal, via grupo.
3.PEDAGOGIA
CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS
A
Pedagogia Histórico-Crítica ou Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos
desenvolvida por Demerval Saviani nos 1980 marcou o campo educacional
brasileiro, opondo-se à Pedagogia Libertadora. Ao contrário de Paulo Freire,
Saviani defendia a separação entre educação e política, entendendo que a
educação torna-se política apenas na medida em que ela permite que às classes
subordinadas se apropriem do conhecimento que ela transmite como um instrumento
cultural que será utilizado na luta política mais ampla.
No
que se refere à escola pública, a Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos
procurou buscar no interior da escola respostas pedagógico-didáticas que
pudessem permitir o exercício da crítica levando em conta os determinantes
sociais próprios de uma sociedade de classes e sem perder de vista a função
primordial da escola na transmissão do saber enquanto patrimônio coletivo da
sociedade.
Conforme Libâneo, a tendência
progressista crítico-social dos conteúdos, diferentemente da libertadora e
libertária, acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as realidades
sociais. A atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo
adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da
aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e
ativa na democratização da sociedade. O educando participa com suas
experiências e o professor com sua visão da realidade.
Na visão da pedagogia dos conteúdos,
admite-se o princípio da aprendizagem significativa, partindo do que o aluno já
sabe. A transferência da aprendizagem só se realiza no momento da síntese, isto
é, quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais
clara e unificadora.
Método: O método parte de uma relação
direta da experiência do aluno confrontando com o saber sistematizado.
Professor X Aluno: Papel do aluno como participador
e do professor como mediador entre o saber e o aluno
Aprendizagem: Baseada nas estruturas cognitivas
já estruturadas nos alunos
Referencias
Bibliograficas:
1.
Guia
metodológico de apoio ao docente / coordenação técnica pedagógica: Curso de
especialização profissional de nível técnico em enfermagem - Julia Ikeda Fortes
... [et al.]. São Paulo : FUNDAP, 2011.
2.
LIBÂNEO,
José Carlos. Didática, Cortês, 1994. Democratização da escola pública, São
Paulo, Edições. Loyola,1985
3.
SAVIANI. Dermeval. Escola e democracia. 31 ed.
Campinas: Autores Associados, 1997
4.
GADOTTI, Moacir. Historia das ideias
pedagógicas. 4ª ED. São Paulo: ÁTICA, 1996
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