domingo, 5 de agosto de 2012

Matéria: Tendências Pedagógicas - Curso Pós Graduação Docência em Enfermagem / Dia: 11/08/2012


TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS



As tendências pedagógicas originam-se de movimentos sociais e filosóficos, um dado momento histórico, que acabem por propiciar a união das práticas didático-pedagógicas, com os desejos e aspirações da sociedade de forma a favorecer o conhecimento, sem contudo querer ser uma verdade única e absoluta. Seu conhecimento se reveste de especial importância para o professor que deseja construir sua prática.

Segundo Fusari e Ferraz:

"... a concepção de arte pode auxiliar na fundamentação de uma proposta de ensino e aprendizagem artísticos, estéticos, e atende a essa, mobilidade conceitual, é a que representa e do exprimir."

É a partir desses conhecimentos que podemos propor mudanças que propiciem o desenvolvimento do fazer, representar e exprimir. Por isso, o professor deve estar a par das teorias e tendências pedagógicas ao problematizar suas questões do cotidiano e ao pensar sua prática, sem contudo estar firmemente preso a uma delas. Deve, antes de tudo procurar o melhor de cada uma, seguindo uma aplicação cuidadosa que permita avaliar sua eficiência.

Segundo Pessi:

"Os fundamentos da Arte-Educação são os pensamentos construídos cotidianamente conforme as experiências vividas nas situações de ensino aprendizagem, são a teoria que sustenta nossa prática, são os princípios; os conhecimentos organizados que contribuem para - e porque não dizer, determinam - uma prática arte - educativa consciente e de qualidade."



Devemos ressaltar que as teorias são importantes, mas cabe ao professor construir sua prática embasada nelas, elas são elementos norteadores e não "receitas" prontas.



As tendências pedagógicas estão classificadas em Liberais e Progressistas:



TENDÊNCIAS LIBERAIS: Marcou a Educação no Brasil nos últimos 50 anos, mostrando-se ora conservadora, ora renovada. Enfatiza o preparo do indivíduo/aluno para o desempenho de papeis sociais, de acordo com as aptidões individuais; os indivíduos precisam aprender a adaptarem-se aos valores e á normas vigentes na sociedade de classes e, embora propague a idéia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.

As tendências pedagógicas Idealistas-Liberais estão divididas em: Tradicional; Renovadora Progressista; Renovadora não diretiva (Escola Nova) e Tecnicista.



1.     PEDAGOGIA TRADICIONAL ou PEDAGOGIA DA TRANSMISSÃO:

A Pedagogia Tradicional, também denominada de Pedagogia da Transmissão, chegou até nós através dos jesuítas, por volta de 1549, quando estes, credenciados pelo rei D. João III, desempenhavam a dupla missão de catequizar e educar o povo colonizado.

Apesar de outras tantas experiências determinadas pelas mudanças históricas, a Pedagogia Tradicional perdura até os dias atuais. Paulo Freire chamou-a de pedagogia bancária, pois uma de suas características é o ato de passar os conhecimentos aos alunos como se estes fossem depositários e o mestre, o depositante do saber.



“A Pedagogia da Transmissão, parte da premissa de que as ideias e conhecimentos são os pontos mais importantes da educação e, como consequência, a experiência fundamental que o aluno deve viver para alcançar seus objetivos é a de receber o que o professor ou o livro lhes oferecem. O aluno é considerado como uma “página em branco”, onde novas ideias e conhecimentos de origem exógena serão impressos”. (Juan Bordenave, 2004)

A técnica de ensino utilizada é a aula expositiva. Os exercícios são valorizados no sentido de favorecer a memorização. Não há preocupação com o desenvolvimento de habilidades intelectuais de observação, análise, avaliação, relação, compreensão, nem com o desenvolvimento de consciência crítica.



Métodos: Exposição e demonstração verbal da matéria e/ou por meio de modelos.

Professor X Aluno: Autoridade do professor que exige atitude receptiva do aluno.

Aprendizagem: A aprendizagem é receptiva e mecânica, sem considerar as características próprias do indivíduo.




2.     PEDAGOGIA RENOVADORA PROGRESSISTA:



A tendência liberal renovada progressista acentua o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. Não atua em escolas, porém visa levar professores e alunos a atingir um nível de consciência da realidade em que vivem na busca da transformação social.

A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno para assumir seu papel na sociedade, adaptando as necessidades do educando ao meio social, por isso ela deve imitar a vida. Se, na tendência liberal tradicional, a atividade pedagógica estava centrada no professor, na escola renovada progressista, defende-se a ideia de “aprender fazendo”, portanto centrada no aluno, valorizando as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, etc, levando em conta os interesses do aluno.

Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do aluno, através da descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações.



Método: Por meio de experiências, pesquisas e método de solução de problemas.

Professor X Aluno: O professor é auxiliador no desenvolvimento livre do individuo.

Aprendizagem: É baseada na motivação e na estimulação de problemas.



3.     TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA (ESCOLA NOVA)



Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo o esforço deve visar a uma mudança dentro do indivíduo, ou seja, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente.

Aprender é modificar suas próprias percepções. Apenas se aprende o que estiver significativamente relacionado com essas percepções. A retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao “eu”, o que torna a avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a auto-avaliação. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor apenas um facilitador. O objetivo do ensino é criar mecanismos para que o aluno procure chegar ao conhecimento por si mesmo.

O trabalho do educador é levar o estudante a organizar-se, através de técnicas de sensibilização para que os sentimentos de cada um sejam explicitados, sem coação.



Método: Baseado na facilitação da aprendizagem.

Professor X Aluno: Educação centrada no aluno, o professor e apenas um facilitador.

Aprendizagem: Aprender é modificar as percepções da realidade.



4.     PEDAGOGIA DO CONDICIONAMENTO ou PEDAGOGIA TECNICISTA:



A Determinada pela crescente industrialização, quando a Pedagogia da Escola Nova não responde às questões referentes ao preparo de profissionais. Desenvolveu-se na Segunda metade do século XX nos Estados Unidos e no Brasil de 1960 a 1979. A pedagogia tecnicista preocupa-se em condicionar o aluno a dar respostas eficientes ao sistema, por meio de estímulos externos que moldem sua conduta. O aluno aqui é visto como totalmente moldável e facilmente manipulável pelas simples alterações do meio ambiente. O ensino é entendido como tecnologia programada. O planejamento e a operacionalização dos objetivos são importantes para garantir a eficiência do processo. Quanto ao papel do professor, enquanto na Pedagogia Tradicional ele é o transmissor dos conteúdos, aqui ele seria uma espécie de gerente de instrução. O centro da atenção já não é o professor, nem o aluno, mas o próprio processo com o uso dos multimeios.


O esquema acima representando essa pedagogia implica dizer que o movimento metodológico limita-se às questões de natureza prática, ou seja, não avança muito além dos conteúdos técnicos, já que os conteúdos teóricos são restritos. Dessa forma, a consequência é a alta eficiência da aprendizagem quanto aos aspectos de dados e processos tecnológicos.

 Nessa pedagogia, a aprendizagem não se dá pela apropriação de conhecimentos nem por reflexão e crítica, mas por repetição de práticas e comportamentos de acordo com padrões de referência centrados no professor.

A centralidade do processo ensino-aprendizagem está no professor, que serve de referência e modelo de comportamento a ser copiado. O aluno é ativo, não no que se refere a habilidades intelectuais, mas ao desempenho de técnicas, emitindo as respostas que o sistema o permitir.

A crítica às questões sociais e aos problemas da realidade, não é estimulada, mas sim a tendência à competitividade e ao individualismo. A ênfase está nos procedimentos técnicos, enquanto a teoria é diminuída.



Método: Procedimentos e técnicas para a transmissão e recepção de informações.

Professor X Aluno: O professor administra os procedimentos didáticos, enquanto o aluno recebe as informações.

Aprendizagem: Baseada no desempenho.



TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS: É uma tendência que parte da análise crítica das realidades sociais que sustentam as finalidades sócio-políticas da educação. A Pedagogia Progressista não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista, por isso se constitui num instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais. Analisam de forma critica as realidades sociais, cuja educação possibilita a compreensão da realidade histórico-social, explicando o papel do sujeito como um ser que constrói sua realidade. Ela assume um caráter pedagógico e político ao mesmo tempo. É dividida em três tendências:

1.     Libertadora: também conhecida como pedagogia de Paulo Freire

2.     Libertária: ligada diretamente aos defensores da autogestão pedagógica

3.     Crítico-social dos conteúdos: que prioriza os conteúdos na confrontação com as realidades sociais de maneira diferenciada das pedagogias anteriores.



1.     PEDAGOGIA LIBERTADORA



Não atua em escolas, porém visa levar professores e alunos a atingir um nível de consciência da realidade em que vivem na busca da transformação social.

A Pedagogia Libertadora surgiu entre nós na década de 1960 com o educador Paulo Freire, que desenvolveu suas experiências de alfabetização de adultos. Freire acreditava no homem como sujeito histórico, em constante busca de seu crescimento e de transformação da realidade, capaz de transcender-se e de superar situações-limite.

Criticando a Pedagogia Tradicional em seus aspectos de “domesticação”, Freire propôs uma educação que promovesse a libertação do homem, entendendo professor e aluno como sujeitos da história. E é através do diálogo dos homens entre si e destes com a natureza que a educação acontece. Para Freire, a dialogicidade é a essência da educação como prática da liberdade.

O ponto crucial dessa pedagogia é fazer surgir uma nova maneira da relação com as experiências vividas, não se preocupando com a transmissão de conteúdos específicos. São extraídos dos educandos assuntos de sua vida cotidiano, sendo denominados temas geradores.

As fundamentações teóricas de Paulo Freire limitam-se à educação de adultos ou educação popular, em geral, entretanto muitos professores têm ensaiado práticas pedagógicas seguindo a linha dessa pedagogia em todos os níveis de ensino formal.

A escola libertadora, também conhecida como a Pedagogia de Paulo Freire, vincula a educação à luta e organização de classe do oprimido. Segundo GADOTTI (1988), Paulo Freire não considera o papel informativo, o ato de conhecimento na relação educativa, mas insiste que o conhecimento não é suficiente se, ao lado e junto deste, não se elabora uma nova teoria do conhecimento e se os oprimidos não podem adquirir uma nova estrutura do conhecimento que lhes permita reelaborar e reordenar seus próprios conhecimentos e apropriar-se de outros.

Como pressuposto de aprendizagem, a força motivadora deve decorrer da codificação de uma situação-problema que será analisada criticamente, envolvendo o exercício da abstração, pelo qual se procura alcançar, por meio de representações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos. Assim, como afirma Libâneo, aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. Portanto o conhecimento que o educando transfere representa uma resposta à situação de opressão a que se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica.



Método: Grupo de discussão.

Professor X Aluno: A relação é de igual para igual, horinzontalmente.

Aprendizagem: Resolução da situação problema.



2. TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA



As tendências progressistas libertadora e libertária têm, em comum, a defesa da autogestão pedagógica e o antiautoritarismo. A escola progressista libertária parte do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu uso prático. A ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negação de toda forma de repressão, visam a favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres. Procura valorizar o texto produzido pelo aluno, além da negociação de sentidos na leitura.

A escola propicia praticas democráticas, pois acredita que a consciência política resulta em conquistas sócias. Os conteúdos dão ênfase nas lutas sociais, cuja metodologia é está relacionada com a vivência grupal. O professor torna-se um orientador do grupo sem impor suas ideias e convicções.

O conhecimento sistemático não é de grande importância para esta pedagogia, já que a matéria é apresentada para o aluno, porém não lhe é exigida. O que realmente importa são as experiências vividas pelo grupo social principalmente ocorrida de forma crítica, esse sim é o verdadeiro conhecimento, é ele que proporciona respostas necessárias e condizentes às exigências sociais.



Método: Vivência grupal na forma de autogestão.

Professor X Aluno: É não diretiva, o professor é orientador e os alunos livres

Aprendizagem: Aprendizagem informal, via grupo.



3.PEDAGOGIA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS



A Pedagogia Histórico-Crítica ou Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos desenvolvida por Demerval Saviani nos 1980 marcou o campo educacional brasileiro, opondo-se à Pedagogia Libertadora. Ao contrário de Paulo Freire, Saviani defendia a separação entre educação e política, entendendo que a educação torna-se política apenas na medida em que ela permite que às classes subordinadas se apropriem do conhecimento que ela transmite como um instrumento cultural que será utilizado na luta política mais ampla.

No que se refere à escola pública, a Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos procurou buscar no interior da escola respostas pedagógico-didáticas que pudessem permitir o exercício da crítica levando em conta os determinantes sociais próprios de uma sociedade de classes e sem perder de vista a função primordial da escola na transmissão do saber enquanto patrimônio coletivo da sociedade.

Conforme Libâneo, a tendência progressista crítico-social dos conteúdos, diferentemente da libertadora e libertária, acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. A atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade. O educando participa com suas experiências e o professor com sua visão da realidade.

Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o princípio da aprendizagem significativa, partindo do que o aluno já sabe. A transferência da aprendizagem só se realiza no momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora.



Método: O método parte de uma relação direta da experiência do aluno confrontando com o saber sistematizado.

Professor X Aluno: Papel do aluno como participador e do professor como mediador entre o saber e o aluno

Aprendizagem: Baseada nas estruturas cognitivas já estruturadas nos alunos



Referencias Bibliograficas:

1.    Guia metodológico de apoio ao docente / coordenação técnica pedagógica: Curso de especialização profissional de nível técnico em enfermagem - Julia Ikeda Fortes ... [et al.]. São Paulo : FUNDAP, 2011.

2.    LIBÂNEO, José Carlos. Didática, Cortês, 1994. Democratização da escola pública, São Paulo, Edições. Loyola,1985

3.    SAVIANI. Dermeval. Escola e democracia. 31 ed. Campinas: Autores Associados, 1997

4.    GADOTTI, Moacir. Historia das ideias pedagógicas. 4ª ED. São Paulo: ÁTICA, 1996




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